O dia em que eu (quase) não enlouqueci

Eu andava jogando Popmundo demais quando aconteceu.

Mas isso não tem muito a ver com a história.

O problema é que eu andava fazendo tudo muito demais. Acordando e dormindo tarde demais. Sabe? Semi-férias. Nada pra fazer na maior parte das manhãs, aquela coisa. “Por que não jogar Nintendo 64 no laptop da irmã do meio até duas da madruga?”, eu me perguntava. Pois é. Aliás, laptops são pouco saudáveis, é o que eu digo.

Mas aconteceu assim: eu estava dormindo – ou quase, ou devia estar, já que eram três da manhã, mas ‘tava passando Friends na TV, então, tecnicamente, eu não estava dormiiindo – quando eu vi uma luz. Uma luzinha, frenética, verde, intensa embora pequena, com arzinho de Avada Kedavra. Um Avada Kedavra de bolso, digamos assim.

Vai, é normal ver uma luzinha verde brilhando no chão. Três da manhã, meu amigo?, eu não tô nem pensando. Podia ter um milhão de luzinhas verdes, vermelhas e roxas brilhando e cantando We Wish You a Merry Christmas embaixo do meu nariz – era três da manhã e eu negaria tudo. Mas aquela luzinha frenética, verde, intensa embora pequena e com arzinho de Avada Kedavra de bolso começou a andar. A andar de um lado até o outro em linha reta. Começou a ca-mi-nhar, meu bom Deus.

E foi naquele instante que eu descobri que estava maluca.

Gente, eu tava. Não tinha como negar uma coisa dessas. TINHA UMA LUZ VERDE ANDANDO NA MINHA DIREÇÃO. Era difícil aceitar assim, logo às três da manhã, mas eu estava doida. Tinha pirado na batatinha, estava louquinha de pedra e… sei lá, escolha mais um item da sua preferência do Reino Animal ou Funghi. O problema era outro, não biologia. Bom, talvez fosse biológico também, né, vai saber.

Comecei a imaginar como seria a vida no pós-luzinha. Antes de tudo, eu teria que perder o contato com meus familiares e amigos – não queria dar trabalho, no estado em que me encontrava. Talvez eu me mudasse para um iglu bem íntimo no Alasca, à prova de luzinhas, frestas e qualquer outra coisa que me lembrasse o episódio da piração – eletricidade, por exemplo. E então eu escreveria minhas memórias, contando as delícias de ser ermitã, maluca e barbuda (é, barbuda, ééé). Sonharia todas as noites com uma luzinha verde me perseguindo e já no fim da vida, do alto dos meus trinta e dois anos, eu seria levada por uma luz verde definitiva, ao som de trompetes e do vento frio do Alasca. Estava tudo planejado, ia ser lindo, poético. O Ang Lee faria um filme sobre a minha vida. Um filme lindo, poético.

Mas a luzinha continuava lá. Ok, ficar maluca é legal, mas já pode parar, né cérebro? Já tô impressionada o suficiente, me deixa dormir. Que nada. Ela continuava lá. Fazia até reflexo no chão, era real demais. Uma alucinação em IMAX.

Resolvi virar pro lado e dormir. Isso, resolvi. Claro que acordei duas horas depois, procurando a luz como se minha vida dependesse disso (irônico, né?). Até que reparei que a porta do quarto estava aberta – o que não é normal – e tratei de me levantar pra fechá-la.

A luzinha andava lépida e lampeira pelo corredor, rumo ao quarto da irmã mais velha.

E eu dormi feliz sabendo que a lenda do nano lanterna verde seria passada para frente.

(No dia seguinte, contei essa história pra tal irmã mais velha e mais bióloga, que me perguntou porque eu tinha ficado acordada até às 4h só por ter topado com um vagalume. Mas finge que eu não contei essa parte. Ang, me liga)

7 comentários a “O dia em que eu (quase) não enlouqueci

  1. Se não é sua irmã bióloga pra cortar sua viagem, seria surreal, hein?! Ía contar a bendita história da luzinha verde para os filhos, e os netos… rs. Muito legal seu blog!! Abraço.

  2. Depois de cadastrar meu namorado no popmundo (e ouvir que ele não vai jogar aquela coisa lenta e sem graça – COMO ASSIM? O.O) eu continuo jogando popmundo demais, mas a luzinha verde não deu as caras por aqui!

    Ganhei um mini notebook, te contei? E já descobri que é pouco saudável! Vai ser mais ainda depois que eu roubar a internet do quarto de mamãe…

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